“Levantou-se da ceia, tirou o manto e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
Chegou, pois, a Simão Pedro, que lhe disse:
Senhor, lavas-me os pés a mim? Respondeu-lhe Jesus:
O que eu faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás.
Tornou-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Replicou-lhe Jesus:
Se eu não te lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro:
Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Respondeu-lhe Jesus:
Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós estais limpos, mas não todos. Pois ele sabia quem o estava traindo; por isso disse: Nem todos estais limpos.
Ora, depois de lhes ter lavado os pés, tomou o manto, tornou a reclinar-se à mesa e perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou. Ora,
se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.” João 13:4-17
O ritual cultural-religioso judaico estabelecia a necessidade de alguns rituais de purificação. No caso dos moradores da casa, ou mesmo visitantes, era necessário a lavagem dos pés, devemos lembrar que não havia nenhum serviço de limpeza pública, fazendo de forma maior o morador ou visitante trouxesse pra dentro de casa toda a imundícia existente no mundo exterior.
Mas, o estranho neste texto, é que após a ceia Jesus realiza tal ato, é pós comer e beber, é quando cada discípulo já havia adentrado a residência, neste caso, as imundícias já estavam no lar. O mais estranho é que este serviço era prestado pelo servo chamado inútil, aquele que já não servia pra nada, que não tinha forças pra tarefas tão pesadas, mas que por amos do dono da casa, era colocado pra este serviço, aparentemente humilhante. Neste ponto poderemos entender um pouco a reação de Pedro, que em muitos momentos “joga pra galera” e se faz de humilde (é só se recordar do perdão, quando ele disse perdoar sete vezes,estava falando acima do que a lei e costumes da época pediam, e Cristo lhe diz setenta vezes sete). O Mestre se humilha e lava os pés.
Ao lavar os pés Jesus teve de se ajoelhar perante cada discípulo, inclusive Judas, teve de se humilhar em se colocar numa posição em que se achava inferior ao pecador. Mas ele que já sabia de todas as coisas, tinha por iniciativa empírica, a real noção dos caminhos tomados pelos seus discípulos. Sabia toda a imundícia que carregavam em seus pés, não de um escritório ou gabinete, distante do cheiro da ovelha e do odor desagradável da sua imundícia, mas sim auxiliava a cada um dos seus amados a ser limpo e ter o odor de seus caminhos purificados.
Jesus, nos ensina ainda mais, que esta tarefa é de cada seguidor, de cada um que o conheceu, de cada um que carrega seu nome, não é uma tarefa exclusiva de pastor, diretoria ou liderança, mas é tarefa de cada cristão.
Às vezes, temos uma postura arrogante com os nossos amados, pois ainda não conseguimos sair de nossa posição de aparente superioridade, e não conseguimos olhar nosso irmão com o mesmo olhar de misericórdia que Cristo nos olhou. Somente ajoelhados perante o mais fraco, vendo o resultado da imundícia que ele traz de seus caminhos, veremos realmente que todos nós temos as próprias imundícias a serem purificadas.
Nenhum de nós por mais consagrado, espiritual, sábio ou estudado está em posição de superioridade, pois somos purificados uns pelos outros, pois já estamos dentro do lar, e nos relacionando na refeição comum (ceia).
Se tivermos esta consciência veremos que
nossas decisões e atos serão reflexo do mutuo cuidado e verificação da necessidade que não só meu pé tem de ser lavado, mas o dos outros também. Mas também que o pé do outro também tem de ser lavado como o meu.
Todos nós precisaremos da graça e temos que ter em mente que nossa visão tem de ser tomar decisões que venham criar o bem comum maior, principalmente daqueles que estão aparentemente estão em inferioridade em algum ponto de nossa visão, pois se estamos acima teremos o privilégio de os auxiliar a lavar seus pés, mas em algum momento de nossa vida de fé teremos de ser auxiliado por eles em ter nossos pés lavado.
Precisamos urgente, de irmãos dispostos a lavar os pés... sejamos parte disto.
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